Vai uma Taça de Vinho?

Vai uma Taça de Vinho?
Querida Comunidade! A nossa vida nem sempre é festiva. O fato é que Jesus foi a uma festa com o intuito de alcançar pessoas. Quem não gosta de participar de um evento festivo bem planejado para rir; de alimentar-se bem; beber bom vinho? Claro! Algo sempre pode dar errado na organização de uma festividade pensada para ser “redondinha”. Pois acabamos de ouvir que na Festa de Caná houve um probleminha que quase estragou a alegria planejada pelos festeiros.
Quem lê o texto de João 2.1-11 percebe que a tal festa foi bem planejada. Os barris de vinho estavam cheios. A alegria estava no ar. O povo celebrava a vida. Ora, estas experiências também são verdade entre nós. Sim porque os nossos sonhos vão se tornando realidade; as nossas esperanças vão sendo alcançadas; os nossos planos vão acontecendo... Pensem, por exemplo, no seu casamento; no nascimento da sua filha, do seu filho, da sua neta do seu neto; na promoção experimentada... Sim, isso tudo são pontos altos de um projeto de vida, a Festa da Vida acontecendo do seu lado.
Ai, ai, ai - o vinho acabou. Gente! Nas bodas de Caná não só acontece o milagre da transformação da água em vinho, mas também a constatação de que, diante de uma necessidade, há que se ter uma iniciativa. Maria, a mãe de Jesus, percebeu o problema e agiu; fez o que pode fazer. Ela se dirigiu aos garçons e lhes pediu que seguissem fielmente as instruções de Jesus. Jesus, por sua vez, animou os referidos garçons a transportarem água. Para as convidadas e os convidados, aquilo não fazia sentido. Já os ditos garçons cumpriram o mandado de Jesus; se engajaram no serviço sugerido, mesmo duvidando de tudo o que faziam.
Se o vinho está para a alegria da vida, então, quando ele se acaba, significa que essa alegria vivida começará a minguar. Se uma pessoa está estressada de tanto trabalhar e não vê mais sentido na sua obra, então tudo fica complicado. Quando o luto e o medo se instalam nos nossos corações, isso significa que o “vinho” acabou e que é preciso transportar “água”. Que bom quando, nessas horas, alguém percebe o problema e, ao mesmo tempo, explicita uma saída. Não importa se esta pessoa correr os riscos que a Maria correu ao dar sua sugestão.
Pois bem! Dada a sugestão, é preciso que apareça alguém que enxergue além do horizonte; alguém que anime as pessoas próximas a “carregar água”; a encher os jarros até a boca. É só então que o vinho novo pode acontecer. Que coisa! Agora não é mais necessário carregar a tal da água. As pessoas para as quais um mais um sempre é dois pressionam o noivo para saber como isso foi possível e de onde veio essa nova bebida: - Porque você nos serviu primeiro o vinho de segunda qualidade?
Notem que com o advento do vinho novo a festa não seguiu mais seu ritmo normal. A nossa vida também não segue da mesma maneira depois que experimentamos a graça de Deus. Quando alguém é arrancado do nosso convívio, não é nada fácil dar passos em frente, como se nada tivesse acontecido. Muitas coisas se modificam com o tempo do luto; com o tempo de carregar água. De repente, acontecem novos relacionamentos; antigos relacionamentos são retomados; outros podados. De repente, no momento novo, pode acontecer a comunhão com outras pessoas da Comunidade que “carregaram água”.
Enfim o vinho servido é outro e tem sabor melhor. Ali onde a festa tinha tudo para acabar, foi ali que ela recomeçou com toda intensidade. Não só porque Jesus, Aquele que transforma o ruim em bem, estava ali, mas porque no lugar havia pessoas que se engajaram; que não se resignaram; que reconheceram o problema e se mostraram abertas para o novo.
Mesmo que não se conseguiu responder satisfatoriamente como tudo aconteceu e de onde veio o novo vinho, a festa teve continuidade e continuou sendo festa até o fim. O tempo de “carregar água” foi aguentado e só pôde ser aguentado porque sempre existem pessoas que, nas horas difíceis, ajudam; colocam-se ao lado com seus dons e talentos, com suas potencialidades. Quando isso acontece numa Comunidade, daí então as pessoas passam a experimentar novamente o sabor de pertencer ao Corpo de Cristo; à Igreja.
Gente querida! Nós somos “carregadores de água” e sempre estamos fazendo “horas extras”. Não abdiquem dessa função de servir. Mesmo que o tempo se mostre desértico, a nossa vida acontece debaixo do sinal da Festa da Vida; da Festa Eterna.
Aqui e ali é importante segurar este ou aquele pensamento. Façam o que Jesus lhes pede... Se perceberem alguma falta, expressem suas opiniões de forma aberta e transparente, sempre com o objetivo de eliminar a falta percebida e, depois disso, “carreguem água”, doem-se. A sobrevivência da Comunidade depende desse carregamento de água. Assim, carreguemos água! Continuemos carregando água para continuarmos saboreando o vinho novo! Amém!

Pastor Renato Luiz Becker
18.01.2015