Porque Pastor?

Muita gente pergunta: - Como tu chegaste a ser pastor? É interessante que quase ninguém se interessa pelos motivos que levaram uma pessoa a ser agricultora, comerciária ou industriária. Já de ministras ou de ministros eclesiásticos se espera que sejam senhoras e senhores de si; que tenham fé; que se doem ao serviço durante 24h. Será que estou conseguindo dar conta desse recado; será que eu quero dar conta dele? Às vezes não é fácil responder por que me tornei pastor da IECLB, mas eu tento. Conto que, nos primórdios, eu participava do Culto Infantil; que, na meninice, eu levava o Ensino Confirmatório a sério; que, na adolescência, compreendi o Evangelho; que, essa experiência me oportunizou a participar de um Grupo de Estudantes Cristãos; que, depois disso, criei muitos Grupos de JE; que, essa prática, me levou à Faculdade de Teologia; que, as experiências vividas no estágio foram excelentes e que, tudo isso, me induziu a pensar no pastorado como o melhor para mim. No entanto, volta e meia, fica difícil responder, mais uma vez, esta pergunta: - Porque me tornei um sacerdote? Entendo que minha resposta fica dificultada por causa de três situações. 

Situação 1: O Projeto do Amor de Deus não é simples! Nos últimos três anos e cinco meses o Presbitério da nossa Comunidade se debruçou sobre um Projeto de Modernização. Até aqui, foram reuniões e mais reuniões regadas a diálogos. Nestes momentos, sempre precisei manter o foco no fato de que as nossas lideranças, como eu, também dão de si em prol desse Projeto de Amor que leva a Deus. Só com uma diferença: são voluntárias e voluntários. Nessas horas discutimos possibilidades; desviamos dessa ou daquela dificuldade; decidimos por um ou outro caminho; engajamos-nos na busca de dinheiro; desafiamos as pessoas a fazer doações, tanto para “pedras mortas” como para “pedras vivas”. Mesmo assim, sempre ressurge a pergunta: – Demora a ficar pronto? Respondemos: – Ainda faltam alguns detalhes! Mas aí então alguém desiste do sonho por que não percebeu o “clic” da fé. Busco novos engajamentos. Como isso não é simples, “pinta” frustração. O fato é que todos os detalhes precisam ser conversados. O problema é que o tempo e a força que essa tarefa custa é desgastante. Aqui e ali, me animo. Sim, lá e acolá, me desanimo... 

Situação 2: Minha Competência é posta em Dúvida! Errar é humano. Eu estudei e sou experiente, mas mesmo assim me percebo incapaz de cuidar da Comunidade como ela deve ser cuidada; de conduzi-la e de acompanhá-la a partir dos Aconselhamentos; da articulação dos Grupos; da proposta maior dos Cultos. Esse sentimento arranha a minha autoestima. Eu sei que não esmorecer é preciso! O problema é que muito daquilo que eu espero poder realizar acaba tendo que ficar em “stand by”; de prontidão. Sim, tenho ciência de que as coisas se dão no “tempo de Deus”, mas e a minha pressa? 

Situação 3: Discussões sem Fim! A discussão é do ser da Igreja Luterana. Nela brigamos pela verdade e pelo que é correto. Então eu preciso checar conclusões e, se perceber algo dúbio, tentar mudar o rumo da história com base na Confessionalidade Luterana. Essas questões roubam minhas forças e minhas energias para o trabalho ao qual Deus me chamou: celebrar Cultos, dar Aconselhamentos, Ensinar – só para citar três ênfases. Nessas horas me pergunto: - Porque mesmo me tornei ministro da Igreja? Detecto minhas respostas em situações distintas: No olhar simpático de quem ouviu; percebeu perspectivas a partir da Palavra pregada. No retorno que alguém dá quando diz: - Puxa pastor, isso foi bom! Na visão de quem se achega e pede: - Posso ter uma cópia da tua prédica?” Nesses e noutros momentos me fica claro que eu estou ali onde Deus quer. Hoje Ele me quer aqui, entre vocês. 

Conclusão Veja! Não diga que a canção está perdida. Tenha fé em Deus. Tenha fé na vida. Tente outra vez! (Raul Seixas)

Pastor Renato Luiz Becker
25.02.2016